sábado, 8 de novembro de 2008

Movimento Punk – Os índios metropolitanos


O movimento punk surgiu a partir do punk-rock, internacionalmente, a maioria dos grupos foram criados na Inglaterra. Nessa mesma época as pessoas estavam indo as ruas exigindo paz e amor, enquanto os punks surgiam gritando o caos. Mas não o caos de forma negativa, agressiva, como a maioria das pessoas enxerga o punk, e sim como uma resposta à crise econômica, criticavam o governo, a educação, os políticos, os impostos, a pobreza, o desemprego, a falta de perspectiva e outros problemas. Não implicando necessariamente uma revolta.
As suas formas de protestar eram através do visual preto com adereços, da música, do uso que fazem da palavra que só podem ser compreendidos diante de outros movimentos que eles fazem, do comportamento (podendo incluir ou não princípios éticos e políticos definidos), expressões linguísticas, símbolos e outros códigos de comunicação.
Em diversos países, incluindo o Brasil, a roupa é na maioria das vezes o elemento que desencadeia as brigas de rua entre gangues, membros de grupos divergentes do movimento punk e outros movimentos que repudiam o punk. Este desentendimento pode culminar no desprezo, ridicularização ou nos casos dos grupos violentos, na coerção, furto de peças e agressão.

Suas trajetórias ao longo dos becos da Lapa, pelo ônibus dos subúrbios, e sobre as linhas dos trens, os punks passavam num risco impressionista. Bastante inquietos, a forma como explodiam os encontros era agressiva, mesmo que não houvesse brigas, via-se como um grupo de jovens rudes que ficam varando a cidade até tarde, bebendo, fumando sem pensar nas conseqüências. Os “points” onde se encontram correm revistas nacionais e estrangeiras sobre punks e som em geral, xérox de capas de discos, discos, fitas, discute-se em torno de tudo isso. Esse abuso e excesso para suas idades e classes os taxam de delinqüentes.

O antropólogo diante da sua pesquisa sobre o movimento punk não poderia pegar um punk fotografá-lo, nomear suas dificuldades, expectativas em casa, comportamento no trabalho, estuda-lo e descrever como um personagem, ele tinha que conviver com eles mas sem fazer o papel de “observador”, que isso é rejeitado por qualquer “bando”. Tinha-se que estudar um grupo a partir de sua vivência com eles, e só assim haveria conhecimento. E na medida que ia conhecendo e convivendo com os punks do rio de janeiro, ficando ao seu lado nas festas no momento de dança, das conversas, das despedidas, vendo-os falar de música, vendo-os explodir em som no palco, estando com eles nos points ou nas ruas ou simplesmente conversando, não acreditava que aquilo tudo era apenas uma resposta a outra coisa, que era a “crise” que gerava os protestos, as músicas e toda aquela forma exuberante de ser.
O punk é muito mais que visual. Ele é real.

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